terça-feira, 29 de maio de 2012

Inverno aumenta incidência de doenças cardiovasculares



HIPERTENSÃO

Inverno aumenta incidência de doenças cardiovasculares

Fator de risco cardíaco, a hipertensão se agrava com o frio; especialistas alertam para a necessidade de cuidar da alimentação e fazer exercícios físicos regularmente
Com a chegada do inverno, vem junto aquela vontade de não fazer nada, comer bastante e ficar em baixo das cobertas. É comum trocar a academia ou a caminhada pela televisão. Mas as mudanças de estilo de vida no inverno podem levar ao excesso de peso e ao sedentarismo, fatores de risco cardíaco, exatamente quando o exercício é mais importante.
É nesta época do ano que aparecem as condições propícias para uma doença cardiovascular. “É muito significativo o aumento do número de pessoas durante o inverno que procuram o consultório porque a pressão aumentou”, revela o cardiologista Rangel Victorino de Albuquerque.
São as doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC) ou o infarto, que figuram no topo da lista de causas de mortes no País, responsáveis por um quarto de todos os óbitos registrados. Segundo o cardiologista, a incidência de infarto – provocado pela obstrução das artérias que nutrem o coração - aumenta de 20% a 25% durante o inverno. É a hipertensão, um distúrbio geralmente silencioso, um dos principais fatores de risco cardíaco agravados nesta estação.
Um estudo realizado pela American Heart Association (Associação Americana do Coração) mostra que as leituras de pressão apontam índices 7,6% mais altos no inverno em relação ao verão. “Nos dias mais frios, a minha pressão oscila muito, sobe para 16 por 10 de repente”, comenta a comerciante Rosimara Pereira, 37 anos. Ela toma medicamentos e faz exercícios físicos monitorados para controlar a hipertensão há seis meses. Neste inverno, descobriu também os efeitos do frio sobre o sistema cardiovascular.
Isso ocorre porque a queda da temperatura aciona uma estratégia do organismo para se proteger do frio: a contração dos vasos sanguíneos, uma diminuição no calibre das artérias chamada de vaso-constrição. “Essa tendência leva a elevação da pressão arterial, assim como a pressão cai quando os vasos sanguíneos estão relaxados”, relaciona o cardiologista.
De acordo com o cardiologista Fernando Garcia Rocha, os índices normais de cada momento do fluxo sanguíneo de um adulto são, respectivamente, de 120 mmhg por 80 mmgh, popularmente traduzidos na expressão “12 por 8”. “A partir de 130 por 85 mmhg já é hipertensão”, alerta o médico. Por isso, é importante redobrar a atenção com a pressão arterial durante os meses frios.
Além do fenômeno fisiológico, Fernando Garcia Rocha destaca a ligação entre o comportamento das pessoas e o aumento da hipertensão no inverno. “Redução da atividade física, aumento do consumo de alimentos calóricos e de bebidas alcoólicas e ganho de peso”, enumera. O tabagismo e o estresse também são fatores de risco cardiovascular, segundo o médico. “Trata-se de um grave problema de saúde pública, porque de 20% a 30% da população adulta do país é hipertensa", finaliza.

Coração é silencioso
A comerciante Rosimara Pereira trabalha sentada, não fazia exercícios físicos ou cuidava da alimentação. “Eu estava 16 quilos mais gorda”, conta. Ela nunca havia se consultado com um cardiologista e nem imaginava ser hipertensa antes de ir parar no hospital com uma crise. “Eu me achava jovem para ter problemas desse tipo e não acreditava na importância dos exercícios ou da dieta até descobrir no hospital”, desabafa.
Segundo a fisioterapeuta Maria Fernanda Gonzáles, especialista em reabilitação cardíaca, geralmente as pessoas que sofrem de hipertensão demoram a descobrir que estão em um grupo de risco cardíaco. “A pressão sobe e a pessoa não sente. Não tem sintomas claros até acontecer um evento mais grave”, analisa Maria Fernanda.
Ela acompanha Rosimara e outros pacientes de risco em um centro de reabilitação cardíaca e condicionamento físico. Como o coração é silencioso, alerta a fisioterapeuta, pessoas com fatores de risco, como hipertensos, diabéticos ou obesos, devem fazer o exercício físico supervisionado, com monitoramento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos.
Com o acompanhamento, é possível exercitar-se com segurança e, aos poucos, mudar o estilo de vida. “Por recomendação do cardiologista, tive que cortar o sal da alimentação e a vida sedentária ficou no passado. No começou foi difícil, mas agora me sinto bem melhor”, comemora Rosimara.

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